Roubo as palavras de outros para que falem por mim...
"Escrevo pela ausência de mim mesmo.
Enquanto decorre este permanente estado de sítio,
declaro auto-calamidade de visibilidade pública.
Triste,
janto sozinho, bebo vinho, enrolo as aspirações nocturnas, respiro árvores
possíveis, finjo o romantismo, desejo o movimento dos sítios lúgubres.
Escrevo na ausência dos plátanos.
Se os meus dedos fossem folhas há muito que revoluteavam pela beira dos
passeios, entre estes e as margens das ansiadas estradas.
E os meus dedos, destas mãos que tenho, orquestravam
remoinhos de Outono do ar até ao chão.
O chão, este chão que piso. Este chão ausente.
Escrever pela ausência de mim mesmo, escrever na ausência dos plátanos...
até ver, presente, apenas
este permanente estado de sítio."
Jorge Serafim
Sem comentários:
Enviar um comentário