sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Ser biciclista!

É feriado e está um dia esplendoroso. O sol aquece o ar e a alma, que este inverno tem estado muito rigoroso… e convenhamos, estamos no Algarve! O Inverno devia ser 2 dias em Janeiro, na minha “necessitada de calor” opinião! A espertina acorda-me às oito da matina, como tão frequentemente tem acontecido nos últimos tempos. Idade ou rotina, vidinha que não tem incluído a “night” ou cansaço, qualquer desculpa serve. Vinda de um fim-de-semana fora de casa, alienada do carnaval (com alguma pena…), quilos de roupa aguardam-me à porta da máquina. Tento ocupar-me até horas decentes de acordar pessoas num feriado, e às onze começo a tentar mobilizar aspirantes a biciclistas. Uma carrinha e um carro, duas bicicletas alugadas e outras duas da minha garagem, e vamos a caminho do Ludo. Apanhamos o percurso da ciclovia, assinalado a azul na via alcatroada e com algumas placas no trilho do pinhal, e vamos pedalando, assobiando o “verão azul” (http://www.youtube.com/watch?v=b4P5xX4euQg para quem quiser relembrar), pelo meio da natureza e dos carros a fazer rali e a levantar pó (excelente terapia para a nossa aspirante asmática). A perder membros do pelotão nas subidas e nos cruzamentos, seguimos durante uma hora até nos depararmos com uma encosta de respeito, mesmo a tempo de nos decidirmos a voltar. Uma baixa de tensão força uma paragem no pomar das laranjas, e três tentativas de lanchar o fruto são sempre azedamente frustradas. Ficamo-nos pelo chocolate preto e as barritas de cereais. O caminho da volta mostra-nos como as descidas formidáveis são subidas de bicla na mão e respiração arfante, e os mosquitos das 5 da tarde são em maior quantidade do que os das 3. Já quase a chegar à meta, na recta final, vamos a brincar tirando as mãos do volante. “Olha sem a esquerda! Olha sem a direita! Olha sem as duas!” Olha a roda da frente a derrapar na terra, o guiador a fugir, os pés presos dos estribos… e a biciclista em estreito contacto com a terra. Levanto-me muito devagarinho a tentar analisar os estragos. “Bati com a cabeça… Estou muito arranhada? Este sangue no chão é meu?” A água que não bebemos serve para me limpar, os toalhetes e papel da mala “sport billy” (para quem não conhece a expressão, é uma mala onde cabe tudo lá dentro) para estancar o sangue, e os halls para compensar novas baixa de tensão. De volta ao pedal, terminamos o percurso, entregamos as bicicletas, regressamos a casa. Em frente ao espelho e com 2 enfermeiras a fazer-me curativos, mais pareço saída duma luta de felinos. O lado esquerdo foi o sacrificado, com inchaços a augurarem hematomas bem negros, e o cotovelo sem um bife. Com tanto sítio no corpo que bem passava sem um bifinho, tenho de o ir tirar onde é só osso?! Que desperdício… Dois dias depois pareço um graffiti de “nódoas negras” e arranhões com um chumaço no cotovelo. E dia sim, dia não, vou à clínica mudar o penso.
Ossos do ofício, cicatrizes de guerra, cada um tem aquilo que merece! Não tarda estou pronta para outra!

3 comentários:

Ana disse...

Miúda, tu passas a vida a espetar-te da bicla abaixo (diz quem já voou pelo guiador, depois de se perder no meio do mato e antes de desatar ao pontapé com a bicla e a fanar-lhe as corrias...)!!! :D

Ana disse...

*correias, perdão.

Matchbox32 disse...

Pois, já tinha ouvido falar dessa "aterragem"! Lol!
Acontece aos melhores!

Beijinhos!