Boca de Trapos

Há dias em que devíamos ter um aviso à porta de casa “NÃO SAIAS DE CASA HOJE! Mas se tiveres mesmo de sair, tem MUITO, MUITO CUIDADO!” Ontem foi um desses dias, em que me faltou o aviso…
Talvez tenha sido um ataque do karma, um “toma lá qué pra aprenderes”, talvez tenha sido simplesmente pura má sorte… Não obstante a má sorte, não tivesse eu andado a chamar boca de trapos por inconfidências que não eram suposto chegar aos meus ouvidos e talvez não tivesse sido alvo de semelhante verborreia.
Mas eu até sou uma rapariga calada, não falo muito, não opino grandemente, muito menos sou dada ao corte e costura, mas ontem especificamente estava a comentar uma situação do meu local de trabalho (diurno), que envolvia a “big Boss” e a sua relação com outra “menos big Boss”… e nisto ela entra! Éramos três em amena cavaqueira sobre o assunto, sorte que não entráramos em adjectivações menos próprias ou opinações indevidas, mas somente a minha voz se fazia ouvir naquele momento.... Os pezinhos de lã não se fizeram ouvir ao entrar e o sorrisinho no canto da boca denunciava a audição do assunto. “Já me f…!”, é a frase que me passa pela cabeça. O “acaso” não é mencionado, nem virá a ser segundo me fazem crer… a coisa pode nem ter gravidade, ou eu até nem passo duma mísera trabalhadora com muito boa vontade e que perdeu uma excelente oportunidade de estar calada!
Um pequeno episódio/incidente, “no biggy” dizem-me, “esquece lá isso”! Mas o dia fica ensombrado assim como o meu estado de espírito. Uma molha gigantesca que me deixou os pés encharcadinhos e gelados até ao final do dia (quando tirei as peúgas, pareciam umas passas!) e um banho de galão que me deixa a cheirar a l’eau de caffé au lait e dou por terminado o meu dia, não vá ainda a coisa piorar…